quarta-feira, 29 de junho de 2011

Revolução dos Bichos

Achei,no Cogito Brasil, um texto que relaciona o livro "A revolução dos Bichos" com a revolução russa. Aí vai:

A Revolução dos Bichos


Rússia, Outubro de 1917

Após a queda do Tzar Nicolau II, o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) se dividiu em dois: os bolchevique (maioria) liderados pelo idealista revolucionário Vladimir Lênin (que baseando-se na obra de Karl Marx acreditava que operários e classes menos favorecidas só tomariam o poder através da revolução e da instituição de um modelo social de governo, o Socialismo) e os mencheviques (minoria), partido liderado por Plekhanov e Martov que adotaram uma posição menos radical e conformista. Após uma série de acordos e confrontos, o partido bolchevique venceu e mais tarde se instituiu na Rússia o que conhecemos por União Sovietica (URSS), onde imperava o modelo Socialista. Após a morte de Lênin, outro líder do partido tomou seu lugar, Stalin, que aos poucos se desvirtuou do modo de pensar de Lênin, expulsando Trotsky, (um antigo camarada do partido acusando-o de traição), e afunda o país em uma das piores ditaduras que a humanidade já testemunhou.

É aí que nossa história começa.

Em 1945, George Orwell (pseudónimo de Eric Arthur Blair), publicou na Inglaterra o livro "A Revolução dos Bichos", em que faz uma crítica genial da transformação que toda revolução (principalmente a Revolução russa e a ascensão de Stalin) sofre com o passar do tempo, demonstrando a fragilidade do caráter humano, quando se encontra em uma posição de poder.

O livro nos conta a história de um grupo de animais que habita um rancho em algum lugar da Inglaterra (o autor não diz o local exato, dando uma idéia de universalidade do tema e da situação), que após serem maltratados pelo dono, se reunem em volta do animal mais velho da fazenda, um porco chamado Velho Major (aqui representando Lênin) e escutam sua idéia utópica em que os humanos(capitalistas) seriam expulsos, criando assim um novo governo, onde os animais (o povo) governariam.

Três dias antes de morrer, Major deixa para os animais uma canção e um texto pintado na parede do celeiro, contendo regras, (onde proibia expressamente os animais de se comportarem como os humanos), onde expicava seus ideais (apresentados no livro como Animalismo, uma clara alusão ao Socialismo) e a grandeza dos animais perante os humanos, (a força do proletariado contra os burgueses).

Após sua morte, um dos porcos, ex-companheiro de Major, Napoleão (representando Stálin) toma o poder junto com outros porcos (representando o partido), tendo início a história de ascensão ao poder de Napoleão.

A obra mostra, a manipulação que é feita pelos porcos com o resto dos animais, após a expulsão dos humanos, (no livro os porcos são os únicos que sabem ler perfeitamente, sendo intelectualmente superiores aos outros animais), que aos poucos distorcem a visão original do velho major.

Através de situações sutis, o autor descreve situações obviamente inspirados na manipulação de massa, (os porcos, periodicamente repintavam o texto deixado por major, trocavam a canção, mudando a idéia original de acordo com os interesses de Napoleão) construção de obras públicas, (um dos porcos, bola-de-neve, cria a idéia de construir um moinho, mas Napoleão não concorda com o plano e o expulsa do rancho, considerando-o traidor, uma óbvia comparação com a expulsão de Trotsky).

Outro ponto interessante, é a exploração dos animais pelos porcos, demonstrando como o partido soviético cresceu às custas do sofrimento do povo, que representados no livro pelos animais, construíram o moinho, onde trabalhavam sempre em pessímas condições com cada vez menos ração, enquanto os porcos se alimentavam de comida humana e dormia nas camas dos humanos.

A casa (que depois da morte dos humanos, virou museu, se tornou a moradia dos porcos, um feito conseguido através da manipulação dos animais, que foram induzidos a concordar que esse luxo era essencial para a "revolução"), a adoração da imagem e do ego de Stálin, também fica evidente no livro, que mostra como os animais amam seu "líder" e fazem de tudo por ele.

Ao final do livro, quando a maioria dos animais desaparecem ou morrem misteriosamente, (relação explícita da perseguição que Stálin fez aos seu inimigos e opositores), um grupo se reúne e decide verificar o que acontece dentro da casa e então descobrem que os porcos estão jogando cartas com os humanos, (comparação aos acordos feitos pelo partido soviético com burgueses, capitalistas e poderosos), então o grupo, confuso, percebe que se torna impossível distinguir os porcos dos humanos.

O texto escrito há mais de 60 anos, ainda expressa muito bem a facilidade do ser humano de se corromper quando atinge determinadas posições de prestígio e poder, o tornando capaz de esmagar e destruir tudo aquilo em que acreditava e apoiava pela simples razão de ir contra seus novos interesses...

"Só há uma maneira de lutar contra o poder: é sobreviver-lhe"

Voltaire

Charge sobre a Revolução Russa



Lenin limpa a Rússia czarista. charge, 1919.

Consequências da Revolução Russa

    Ao tomar o poder, os bolcheviques fizeram inúmeras reformas, entretanto, o sistema adotado pela revolução não apresentou bons resultados. A fome e a miséria continuavam atormentando a população russa. Internamente, os contra-revolucionários continuam tentando retornar ao poder auxiliados pelas potências estrangeiras. principalmente européias, que tentavam desestabilizar o regime soviético, considerando-o uma ameaça para a sociedade capitalista burguesa liberal.
     A ameaça de uma vitória dos contra-revolucionários leva o governo a tomar medidas de exceção para reduzir a fome e modernizar o país. A indústria recebe estímulos para aumentar a produção, com a adoção de métodos de racionalização do trabalho. Técnicos estrangeiros são contratados para auxiliar a recuperação do parque industrial. O Estado confisca o trigo e torna sua produção monopólio estatal. A terra dos kulaks, médios proprietários rurais, é dividida e os camponeses pobres estabelecem governos locais para reunir o trigo excedente e administrar sua circulação e consumo.
    A má vontade da antiga camada dominante; os camponeses que demonstravam resistência em entregar sua produção ao governo; os trabalhadores e soldados desanimados diante das dificuldades a população descontente com os problemas de produção e abastecimento,os operários insurgindo contra o governo e outras rebeliões internas, fizeram com que Lenin, em 1921, com a Revolução consolidada, instituísse a NEP (Nova Política Econômica), uma volta ao capitalismo de Estado, como solução para vencer o impasse econômico. E diz a famosa frase: 'É preciso dar dois passos para trás para depois voltar a avançar'.
    O objetivo é planejar a economia e a sociedade. Logo é permitida a criação de empresas privadas, como a manufatura e o comércio em pequena escala. A liberdade salarial e a de comércio exterior são retomadas sob a supervisão do Estado.Os camponeses são obrigados a pagar taxas, em espécie, e são autorizados os empréstimos externos, como os negociados com a Inglaterra e a Alemanha.
     Em 1924 é criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) com a adoção de nova Constituição. A criação de uma União é a fórmula encontrada pelos bolcheviques para conseguir manter unidos nacionalidades, etnias e territórios que pouco têm em comum.
     Segundo a Constituição de 1924, as repúblicas têm autonomia, proposta que nunca saiu do papel. O poder é mantido por alguns líderes do Comitê Central por intermédio do Partido Comunista.

Revolução de Outubro de 1917

Desde a Revolução de Fevereiro, a Rússia possuia dois governos paralelos, funcionando no mesmo palácio. Um, chamado de Governo Provisório foi formado pela antiga Duma e adotou a forma parlamentar de governo. O outro era o Comitê Central do Soviete de Petrogrado, composto por socialistas de vários matizes, e com a predominância dos mencheviques em primeira hora. O Governo Provisório era francamente a favor da continuação da guerra. O Comitê Central carecia de consenso sobre esta questão. Entretanto, por não participar do Governo Provisório, pôde repetidamente culpá-lo pela situação caótica sob a qual o país vivia.
Em 20 e 21 de Abril houve manifestações contra a guerra, e unidades militares se juntaram a estas, que assumiram o caráter de insurreição. Vários ministros se demitiram, e em 1 de Maio o comitê central, após votação, permitiu que seus membros participassem do Governo Provisório. Os bolcheviques foram contrários a isto. Seis socialistas se tornaram parte do gabinete, e Kerensky se tornou ministro da guerra. A partir daí, os bolcheviques se tornaram a oposição "oficial", enquanto que os agrupamentos socialistas participantes do governo se tornaram alvo das críticas direcionadas ao governo.

Os bolcheviques começaram um grande esforço de propaganda, triplicando a tiragem do Pravda em menos de um mês (de 100 mil cópias em Junho para mais de 350 mil em Julho). Outra tentativa de insurreição, liderada pelos bolcheviques, aconteceu entre 3 e 5 de Julho, mas sem sucesso. O comitê central adotou uma série de resoluções impedindo a prisão e julgamento dos bolcheviques. Sentindo sua fraqueza, o governo permitiu que vários fossem postos em liberdade.
Em 20 de Agosto os bolcheviques ganharam um terço dos votos nas eleições municipais. A atividade dos sovietes diminuía e suas reuniões se tornavam menos concorridas. Enquanto outros partidos socialistas abandonavam os sovietes, os bolcheviques aumentavam sua presença. Em 25 de Setembro eles conquistaram a maioria na Seção Trabalhista do Soviete de Petrogrado e Trotsky foi eleito presidente.

Revolução de Fevereiro de 1917

O atraso tecnológico, a entrada na Primeira Guerra Mundial e a forte repressão do governo russo causa insatisfação na população do país. A insatisfação se transforma em revolta e a população começa a fazer greves.
E é esse o ponto principal. Em uma  greve em 1917, o Czar manda o exército ordena aos militares que disparem sobre a multidão e contenham a revolta. Partes do exército, sobretudo os soldados, apoiam a revolta. A violência e a confusão nas ruas tornam-se incontroláveis. Estima-se que 1500 pessoas foram mortas e cerca de 6000 ficaram feridos.A polícia e o exército não reprimindo o movimento,acabaram po isolar o czar, que foi forçado a abdicar. Um governo provisório foi constituído, chefiado pelo príncipe George Lvov. Esse governo, dominado pela burguesia russa, decidiu continuar na guerra, com planos de uma grande ofensiva contra a Áustria-Hungria. A população russa, porém, discordava dessa orientação. O governo, sem controle de seus exércitos, não tinha forças para impedir as deserções dos soldados. Havia ainda a constante elevação dos preços dos gêneros alimentícios, contra a qual o governo nada conseguia fazer.Nesse momento, grupos revolucionários já desenvolviam intensa atividade nas cidades, reativando os sovietes de trabalhadores, com o objetivo explícito de tomar o poder.A ofensiva do novo governou contra a Áustria-Hungria fracassou. Isso agravou ainda mais a situação e provocou uma grande manifestação no dia 17 de julho de 1917, na capital do Império. Era o fim do governo provisório de Lvov, substituído por Alexander Kerenski.Naquele momento, três grupos e três diferentes propostas políticas se defrontavam pelo poder:
* O Partido Democrático Constitucional, partido da burguesia e da nobreza liberal, favorável à continuação da guerra e ao adiamento de quaisquer modificações sociais e econômicas.
* Os bolcheviques - maioria, em russo -, que defendiam o confisco das grandes propriedades, o controle das indústrias pelos operários e a saída da Rússia da guerra. Graças ao controle cada vez maior que exerciam sobre os sovietes de operários e soldados, sua força crescia continuamente. Seus dois principais líderes eram Vladimir Lenin e Leon Trotski.
* Os mencheviques - minoria, em russo -, que, embora contrários à guerra, não admitiam a derrota da Rússia. Divididos internamente e indecisos quanto aos rumos que o país deveria tomar, foram perdendo importância política.